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A proposta para o Centro de Desenvolvimento Sustentável, junto ao campo de refugiados Mayukwayukwa, na Zâmbia, foi desenvolvida de maneira a traduzir as necessidades para gerar um ambiente acolhedor ao povo que ali vive. A ideia central consiste na captação da essência do lugar para trazer um novo centro de referência integrado à natureza, através de uma arquitetura atemporal, construída com recursos da região.
O senso de comunidade e sustentabilidade é expresso desde a busca por materiais locais e econômicos, passando pelo cuidado com módulo estrutural para facilitar o transporte e montagem, até a organização espacial dos ambientes. Nesse quesito, acreditamos ser primordial a viabilidade construtiva e financeira do Centro ir de encontro com a arquitetura funcional, integrada e contemplativa, gerando um resultado que proporcione boas vivências para as pessoas.
A estrutura em madeira, que sustenta as coberturas de palha, foi planejada para se utilizar peças de pequenas seções, portanto, mais baratas, que podem ser carregadas e montadas por até duas pessoas. Essa condição gera um ritmo estético interessante para as fachadas que permite, ainda, a configuração de varandas com bancos, aproveitando dessa mesma sustentação. A estrutura da cobertura se dá por treliças que permitem a circulação do ar acima dos ambientes, gerando uma área de retirada de ar quente.
Como ponto de partida, utilizamos a construção existente em bloco de concreto para ser o coração do Centro: a cozinha, onde serão feitas as refeições e os cursos de culinária. Ainda se optou por aproveitar as paredes já executadas para abrigar os banheiros. Esse volume se apresenta como o local de acesso ao complexo e onde se distribui os fluxos para os demais setores.
Os dois novos blocos setorizados lineares, que podem ser executados por fases, foram pensados para a execução em taipa de pilão, técnica construtiva sustentável e milenar que utiliza o barro como matéria prima. Além de aproveitar um material natural e abundante, essa técnica se apresenta como um ótimo isolamento termoacústico e não necessita de acabamentos internos ou externos.
O bloco de mais destaque, visto logo no acesso ao complexo, abriga as salas de aula e, em uma primeira fase de obra, pode ser dividido em salas e quartos, provisoriamente. A parede da fachada frontal possui um padrão de perfuração com formas de tubos de PVC para auxílio na iluminação e ventilação naturais sem a entrada abundante de calor. Na extremidade do volume, se configura uma parede curva – que, internamente, na parte côncava, se tem uma amplificação natural do som – para um espaço multiuso de apresentações e palestras.
