A vida agitada da cidade tomou outro significado após a pandemia. O fechamento de setores de turismo, lazer e entretenimento e o novo jeito de trabalho, o home office, nesse período, fez crescer o desejo das pessoas de refugiarem-se em locais conectados à natureza para buscar momentos de um certo isolamento com liberdade.
Turismo de Isolamento
A busca por chalés, cabanas e casas isoladas se popularizou a partir de 2020, com aumentos significativos como destinos para aluguel por temporada. As plataformas online desse tipo de locação, como o famoso Airbnb, divulgaram aumento de até 150% na procura de imóveis para curta e longa duração em vários destinos internancionais. No ano passado o CEO e cofundador do Airbnb, Brian Chesky descreveu em uma entrevista à Forbes que no terceiro trimestre a empresa teve US$ 2,2 bilhões de receita, recorde até então, 36% a mais que o mesmo período de 2019.
“Estamos vivendo algo bem próximo a uma revolução na forma como viajamos.”
Brian Chesky ao falar dos resultados recordes.
Isso tudo se deve à retomada das atividades e aos anseios acumulados de se ter vivências que se deslocam do cotidiano. Paisagens naturais, acomodações confortáveis e não convencionais, lugares desconhecidos, são atrativos turísticos garantidos para viajantes que estão em busca de uma nova aventura junto à natureza ou apenas um momento de relaxamento.
Como a Arquitetura interfere?
O maior diferencial para uma acomodação que atrai o público que procura paisagens não urbanas, é oferecer uma experiência imersiva para o indivíduo no local turístico. A Arquitetura entra aqui como um potencializador das sensações. Ela é a ferramenta que vai ligar o turista ao ambiente, de maneira a permitir uma conexão guiada.
Imagine que você queira se hospedar em uma cabana na serra. Que atmosfera você gostaria de sentir ao tomar um café da manhã ou ao descansar após o almoço? Com certeza você adoraria tomar um café próximo a janela que emoldura uma vista interessante das montanhas ou de alguma vegetação de destaque; ou então gostaria de deitar-se em uma rede na varanda voltada para o vale, sentindo o frescor do ar puro e ouvindo o canto dos pássaros.
O impacto do Projeto de Arquitetura
Existem estratégias de projeto que garantem experiências magníficas entre arquitetura e natureza. A transparência do vidro permite que direcionemos as visuais do exterior, como obras de arte pendurados na parede. Outros elementos de fachada auxiliam no enfrentamento de condicionantes climáticos como brises e painéis, que podem barrar a incidência de raios solares ou a entrada de ventos fortes, ainda permitindo a visualização da paisagem.
Elementos que conectam
A varanda é uma aliada na aproximação do turista com a natureza, ainda protegendo-o de insolação e chuva. Esse é um ambiente que pode estar conectado com algum tipo de deck ou piso que funcione como uma extensão do imóvel. É nele que vão ocorrer as vivências que mais aguçam os sentidos e promovem confraternizações, e interações com o lugar turístico.
A materialidade também é fundamental para explorar mais a fundo o local. Madeira, pedra e barro, são elementos encontrados na natureza e que sempre são as melhores escolhas para construir integrando-se ao entorno. Eles trazem, além da estética, os mesmos ares do que se vê lá fora, ajudando a proporcionar uma verdadeira experiência completa na natureza.
Vale a pena investir nesse tipo de construção?
As propriedades hoteleiras e pousadas já são um modelo de negócio conhecido e consolidado, mas que demanda uma estrutura muito específica e depende de muito investimento em manutenção. Serviço de quarto, restaurante, café da manhã, são alguns dos encargos do setor que podem ser vistos como um engessamento da experiência por parte do público, contribuindo ainda para os altos valores de hospedagem turística da maneira mais convencional.
A vantagem de investir em uma construção para locação por temporada está na facilidade e independência do negócio. Hoje se tem várias plataformas que facilitam o acesso e a divulgação de hospedagens independentes, como o aqui já mencionado, Airbnb.
Você pode ter uma propriedade em um local diferenciado e começar a explorar economicamente via turismo, sem descaracterizar o seu uso, pois as construções para esse tipo de locação podem ser enxutas, de fácil implantação e replicação.
Construção seca
Dependendo da localidade, algumas dificuldades são encontradas na logística de construção, o que pode gerar dor de cabeça e até inviabilizar a obra. Falta de mão de obra nos arredores e dificuldade de acesso são alguns pontos que podem pesar para a decisão do sistema construtivo.
A construção seca é uma alternativa interessante para esses casos. Além das possibilidades estéticas se aproximarem amigavelmente da natureza, a industrialização do processo de construção facilita e muito a execução em locais mais afastados. Como toda a estrutura do projeto é prevista, separada e pré-montada em fábrica, a obra no canteiro acaba se tornando um procedimento de montagem muito mais rápido que a construção convencional de concreto e alvenaria. As equipes de montagem são especializadas e preparadas para eventualidades, o que evita os inúmeros problemas, prejuízos e atrasos, comuns em obras tradicionais. Economicamente é uma alternativa muito competitiva e com maiores vantagens. Nestes posts AQUI e AQUI falamos um pouco mais sobre construção seca.
Para finalizar
Podemos considerar que a popularidade desse tipo de empreendimento chegou para ficar. As edificações e cabanas voltadas à natureza são objetos de desejo, e agregado à paisagem deslumbrante dos cenários naturais, movimentam essa vertente do turismo. Aqui na Harpa Arquitetura, verificamos um aumento significativo na procura por serviços de projeto com essa identidade, com vários estudos de casos para investimentos em construção para locação turística, principalmente cabanas em construção seca.
Podemos entender isso como um reflexo da mudança comportamental que o pós-pandemia gerou nas pessoas: primeiro, um público que almejou conectar-se à natureza, enquanto via-se enclausurado dentro de casa em centros urbanos; e, segundo, um grupo que identificou essa demanda e começou a estudar e aproveitar este boom para garantir um novo investimento.
