Concurso Nacional Sede CAU-SP

São Paulo - SP

Concurso de Arquitetura, 2023

Área: 4.270m²

A intervenção se baseia em três princípios: respeito à preservação da edificação, observação do entorno e a representatividade do Conselho, que atua como um norte para os profissionais da Arquitetura e Urbanismo. Por isso temos como a essência do edifício, uma abstração de um FAROL. Farol este que além de abrigar a função de direcionar e acompanhar, se concretiza simbolicamente por um novo elemento em seu topo que traz contemporaneidade, leveza e integração ao conjunto. Acreditamos que uma intervenção em um edifício valor histórico deve atentar-se às existências e acrescer o necessário para valorizá-lo ainda mais e fazer dele um equipamento de grande interesse para a cidade e para a comunidade.

O projeto busca respeitar a cronologia do edifício, já bem distinto do projeto original, preservando suas fachadas e estruturas existentes, que são os elementos marcantes e que devem ser minuciosamente restaurados, onde necessário. Para a adequação à função, se propôs intervir com materiais e estratégias que agregam ao lugar vitalidade, funcionalidade e atualização, tanto tecnológica, quanto de sustentabilidade, potencializando a preservação e estimulando o uso e a ocupação dos espaços, tendo em mente que a apropriação incentiva também a manutenção dos mesmos, por meio de soluções evitam o mau envelhecimento.

Além disso, com a intenção de conversar com a história da arquitetura paulista, que tem entre seus ícones nomes como Lina Bo Bardi e Vilanova Artigas, propusemos o uso de algumas volumetrias e estratégias que remetem a essa Escola. O grande bloco virtual que flutua sobre o edifício existente, com uma modulação estrutural metálica, que, além de se relacionar com as aberturas da fachada abaixo, lembra dos grandes e famosos volumes da arquitetura paulista, que, apesar de brutalistas, também parecem flutuar com seus vãos. O uso de cores primárias, como a vermelha, pontualmente em contraste com o branco, tanto da estrutura de concreto existente, quanto das novas estruturas leves em metal, também remete à identidade paulista.

 

A captação da essência do projeto inicial do prédio, acrescido da releitura um movimento importantíssimo na arquitetura brasileira, faz dessa junção de dois mundos, uma costura histórica, pois ao mesmo tempo em que homenageia e respeita o passado, valoriza a funcionalidade e novos usos dos espaços na proposição dessa nova arquitetura. Temos como resultado o elemento marco na cobertura do edifício – que não altera a área computável -, uma estrutura leve e metálica que coroa o prédio, formada por painéis translúcidos, de fachada têxtil, assim caracterizando-o como um farol paradoxalmente instalado em meio à cidade e iluminando o centro paulistano. Esse elemento que se vê externamente, se repete no térreo – logo ao adentrar ao prédio, sendo a primeira impressão concedida ao pedestre a de estar embaixo de um grande vão – e no vazio entre os pavimentos 6º e 8º, através da proposição de faces poligonais, que juntas formam grandes painéis com tecido tensionados para se fazer projeções e é passível de diferentes configurações de acordo com a intenção de uso. Elas podem ser aproveitadas para área de exposições do 7º pavimento, podendo se criar aqui uma poética relação em que “a cultura preenche o vazio”.

A nova configuração da fachada tem preocupação em se relacionar com o entorno consolidado. Alinha em altura com o volume mais alto e recuado da edificação lateral, como uma costura na fachada da via, ao mesmo tempo em que se destaca em altura da edificação original, sinalizando claramente ser uma nova adição ao prédio histórico.

Todas as soluções visam um equilíbrio entre os novos elementos estéticos, funcionais e técnicos com o aproveitamento da estrutura existente e alguns sistemas, para garantir um bom custo-benefício do conjunto para atender ao orçamento disponível para a execução da intervenção.